Falando Sério

O poder transformador da morte

Desde o último dia 25 a mídia vem nos bombardeando com notícias a respeito da morte de Michael Jackson. O sensasionalismo novamente tomou conta da vida do astro, mas desta vez de uma forma bem diferente: de monstro, ele passou a ser anjo.

Eu me lembro que cresci vendo os meios de comunicação rotulá-lo como "obcecado pela aparência", "molestador de criancinhas", "negro que queria ser branco", etc. Muitas piadas foram feitas a respeito. E agora, como que num passe de mágica, o menino retirou as acusações de abuso, a justificativa do vitiligo foi aceita e no dia do funeral ele definitivamente deixou o posto de vilão para assumir o de superpai. Estranho não?

Nada mais justo do que acentuar as qualidades daquele que, pra mim, foi realmente um grande homem. O que me entristece é o tempo que demoraram para reconhecer isso publicamente. Imagina o quanto ele sofreu ao ser difamado e ver seu brilho escurecido diante de tantas calúnias escandalosas...

E o que esta história tem a ver com Marizópolis? Tudo! Eu acredito que os meios de comunicação seguem os costumes populares de procurar motivos para pisotear as pessoas enquanto vivas para depois santificá-las depois da morte. Eu já vi isso acontecer muitas vezes em nossa cidade, especialmente quando morre algum político. A lógica de nossa sociedade é simples e cruel: para se reconhecer alguém como "gente boa" muitas vezes é necessário que esta pessoa morra.

E pra quem acha que eu estou querendo tirar as asinhas de nossos falecidos, eu digo exatamente o contrário. Meu recado é para que se exalte os valores positivos das pessoas enquanto elas estão vivas! Todos temos qualidades e defeitos, e o que é realçado costuma ser mais produtivo. Ao contrário do que se pensa, são os elogios e não as críticas que nos tornam pessoas melhores.

Aquilo que a gente pensa e fala dos outros se volta contra nós mesmos, nem que seja em termos de consciência depois que a pessoa que difamamos se vai. Antes de falar algo, pense se alquilo é realmente verdade e, caso seja, pense se aquilo é relevante para quem está escutando. Há verdades que não precisam ser ditas pelo simples fato de não nos dizerem respeito. Se seguirmos estas regrinhas básicas, traremos muito mais paz para o mundo e felicidade para nós mesmos.

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