Política em Marizópolis

A reviravolta de Sandrinho

O problema

Estava em andamento um projeto do governo municipal que pretendia reduzir o salário de alguns professores. E todos sabemos que interesse do governo é praticamente uma ordem, e os pacatos vereadores - que foram eleitos e recebem seus salários para representar o POVO - apenas balançam a cabeça afirmativamente para tudo que lhes é pedido.

Entre esses vereadores havia pelo menos um que foi tocado pela crise de consciência. Como cunhada, vi de perto o drama de Sandrinho, por não conseguir compactuar com tamanha covardia. Os outros vereadores foram consultados e a vitória do projeto era certa. Mas quem tem consciência, preza por sua paz. Sandrinho sabia que sua negativa não iria modificar o resultado final da votação. Sabia também que o emprego de seus familiares estaria em risco com sua atitude. Mesmo assim, e com todo nosso apoio, optou por fazer o que era certo.

O que aconteceu

Sandrinho disse NÃO e rompeu o ciclo de aceitação incondicional dos vereadores da situação ao contrariar os interesses da administração local. O que deveria ser corriqueiro num governo transparente tornou-se quase que um escândalo.

Apesar de sua atitude ser digna de aplausos, ainda se escuta pessoas dizendo que ele "não fez mais do que a sua obrigação". Mas ele fez. Além de rejeitar a proposta, Sandrinho expôs uma série de problemas sociais que nossa população enfrenta vitimada por medo e necessidades. Todos os vereadores tinham a mesma obrigação, mas não a coragem para se impor. Não é fácil fazer o que é certo, quando o único resultado que se pode esperar é a perda pessoal.

Todos sabíamos que sua atitude não mudaria o rumo dos professores. Mas o não de Sandrinho foi simbólico. Ao defender os professores, ele deu impulso àqueles que querem dizer não à opressão que reina em nossa cidade. Ele não só foi coerente com seus ideais, como também disse BASTA para a politicagem inconsequente e egoísta que ocorre em nossa cidade.

O que espero daqui pra frente

Que Sandrinho não volte atrás e nem se alie à oposição já instalada em Marizópolis. Que seja formado um novo grupo político cujo único interesse seja o crescimento social. A oposição está tão corrompida quanto o grupo do governo. Ambos os grupos votam sim para seus próprios projetos e não para os demais, independente dos possíveis benefícios que estes possam trazer para o povo. Cada um governa apenas pela sua própria classe. A maioria dos "cidadãos" não pode nem reclamar, uma vez que negociaram seus votos. Quem está de acordo com o governo, não deveria pedir nada em troca de seu apoio. Quem não está, deveria expressar gratuitamente sua oposição. Nada mais lógico. Nada mais justo.

Minha esperança é de que seja criado um terceiro grupo político, no qual se incluiria a parte boa de ambos os lados. Porque há sim gente digna na política marizopolense: o problema é que os grupos em que estão inseridos estão tão sujos, que eles já não conseguem mais se destacar. Já vimos muitos desertores do governo na história do município, mas a experiência nos mostra que seguir as instruções do tradicional grupo opositor ali instaurado não leva a nada. Vi de perto os dois grupos. Ambos funcionam sob os mesmos parâmetros e têm o mesmo interesse unilateral. É por isso que nosso terreno político continua infértil.

Deixo aqui meu apelo: analisem o caráter das pessoas antes de lhes dar o voto. Não se satisfaça com a comida de sua mesa quando seu vizinho tem fome. Nossa cidade é pobre, de um povo humilde e pouco instruído. Tudo o que se tem é a dignidade. A única arma que pode ser usada para melhorar a situação de todos é o voto. Ele não pode ser negociado. Um mês de fartura não compensa quatro anos de humilhação. Pensem nisso.


PS - Sei que me propus a fazer um blog não político, mas eu precisava expressar meu apoio àqueles que estão inconformados com a situação política da cidade. Considerem esta postagem como um desabafo.